Um mês morando em Paris: o que rolou?

Salut! Hoje, dia 13 de fevereiro de 2023, completo exatamente um mês morando em Paris, oh là là! E o status do dia é: sigo apaixonada por essa cidade! Para comemorar, comprei esse docinho delícia que está na foto, na minha boulangerie (padaria) favorita. Além disso, fiz um balanço desse período e avaliei 7 pontos que considerei bem importantes nesta fase de adaptação, confira!


1 - O clima

Desde que cheguei aqui, peguei temperaturas de -5°C a 12°C. Nunca mais do que isso. Então, já anota aí na sua agenda que os meses de janeiro e fevereiro são gelados por aqui. Se você não gosta de frio, venha em outra época do ano.


No meu caso, considerando que sou paraense e que morava no Rio de Janeiro antes de me mudar para Paris, essa friaca toda é quase um crime. Apesar disso, tenho aproveitado bastante a cidade, e não deixo de bater perna por aqui, coisa que amo fazer! 


2 - Alimentação

Nunca mais vi arroz com feijão na minha frente, o que é normal, né? Por outro lado, é baguette com queijo todo dia, mon amour! No Brasil, eu nem costumava comer tanto pão, preferia tapioca ou cuscuz no café da manhã, mas caí nas graças da baguette, com sua casquinha crocante e miolo macio.


Também preciso dizer que nunca havia comido tanto queijo na vida! Sempre que vou ao mercado, trago um diferente. Aqui tem muitas opções, e com menos de 2€ você já compra um queijo de qualidade. Vinho também entrou para o meu cardápio oficial. Sempre tem uma garrafa aqui em casa. Não tomo todo dia, claro, mas tenho degustado vinho tinto, rosé, branco. A variedade é enorme, e com 4€ você compra uma garrafa bem honesta. Santé! (saúde!) De resto, tem tido bastante salada, carnes, massas e sopas porque o clima pede, né? 


3 - Custo de vida

O custo de vida em Paris é alto se comparado ao Brasil ou mesmo a outros países da Europa. A única coisa que acho equivalente ao Brasil é o supermercado. Com a inflação, o preço dos alimentos no Brasil está muito alto, e aí o mercado aqui acaba saindo mais ou menos o mesmo valor, ainda que a gente considere a conversão de reais para euro. De resto, tudo costuma sair mais caro se levarmos em conta o câmbio.


Por exemplo, um uber aqui de um lugar relativamente próximo para outro, custa 10€. Considerando que o euro hoje está valendo R$ 5,56, mais as taxas de câmbio, podemos dizer que, na prática, 1€ é igual a R$ 6. Então, uma corridinha qualquer de uber custa R$ 60. Quando cheguei aqui em Paris, precisei pegar táxi do aeroporto para a minha casa, e o preço é tabelado. Paguei 53€, ou seja, R$ 318 na corrida. Doeu no bolso! A única coisa que achei barata aqui até agora foi uma jaqueta italiana de couro, que comprei em um brechó.


Mas eu só acho tudo caro porque ainda ganho em reais. Porém, se você trabalha em Paris e ganha em euros, a coisa muda de figura. O salário mínimo aqui é de 1 709,28 € para uma jornada de trabalho de 35h semanais. O povo aqui trabalha 7h por dia e não 8h por dia, como no Brasil. E esse valor do SMIC (salaire minimum interprofessionnel de croissance/ salário mínimo) já garante uma boa qualidade de vida para a maioria dos franceses. Aliás, aqui não tem tanto abismo social. Ou seja, não tem muita diferença salarial entre as pessoas. A maioria dos franceses pertence à chamada classe média, e ganha por volta de 2 mil € por mês. Com essa renda, dá para ter boa qualidade de vida, com acesso à educação, transporte, saúde, moradia e lazer.


4 - O idioma

Ter estudado francês ainda no Brasil tem facilitado a minha vida. Claro que ainda estou aprendendo várias palavras e verbos novos, mas consigo me comunicar bem. Aliás, fui ao cinema assistir ao filme "Tempête", em francês sem legenda, e deu para entender praticamente tudo. E achei o filme bem fofo, viu? Recomendo!



Mas o que quero destacar aqui é que quem vem para Paris sem falar francês sofre mais, geralmente tem mais dificuldade para encontrar oportunidades de trabalho, por exemplo, e fica limitado porque simplesmente não consegue se comunicar bem no dia a dia. Então, se você pensa em morar em Paris algum dia ou em outra cidade da França, já comece a estudar francês. Quanto mais tempo você tiver contato com a língua, melhor.

5 - Burocracias

Falando em burocracias, a França é muito boa nisso, assim como o Brasil. Tem bastante papelada, documentação, regras rígidas, e não é fácil encontrar a ajuda que precisa para resolver essas questões. Eu, por exemplo, preciso tirar alguns documentos daqui como estudante e ainda não fiz isso. Pedi ajuda à administração do meu curso, na IAE Sorbonne, mas eles me enviaram dois links públicos, da prefeitura de Paris, no melhor estilo: lê aí e se vira. Nem tudo são flores, não é mesmo?


6 - Segurança

Estou amando poder andar em paz pelas ruas sem medo de ser assaltada. No Brasil, eu vivia em uma eterna tensão, como todo brasileiro, né? A gente tem que ficar ligado sempre! Para tirar o celular do bolso, tem que dar aquela conferida de 360° para ver se não tem nenhum pivete por perto. Dependendo do lugar que vai sair, tem que usar doleira. Vai chamar uber?  Espera do lado de dentro do portão, nada de ficar na calçada. Também não pode usar cordão, relógio ou bolsa que chame a atenção. Enfim, tem que ficar em um eterno estado de alerta, não pode "bobear". Aliás, acho um tremendo absurdo dizer isso porque parece que a culpa é da vítima, que "deu mole", e não do ladrão que cometeu um crime. A gente se acostuma porque tem que se acostumar, mas isso é péssimo. 


E claro que aqui também tem crime. Aliás, tem muito batedor de carteira dentro do metrô e nos pontos turísticos de Paris. Mas aí, nesses dois casos, é só ativar o modo Brasil de segurança que tá tudo certo. De resto, é bem mais tranquilo. Não vai aparecer um pivete do nada e puxar o celular da sua mão. Também não vai ter assalto à mão armada nem sequestro relâmpago. Enfim, dá para relaxar, ufa! Que alívio!


7 - Vida social

Não é difícil fazer amizade em Paris. Ao menos não pra mim haha. Quem me conhece, fala que faço amizade até com a porta, pode ser. A verdade é que realmente sempre fui extrovertida, mas também aprendi muita coisa ao longo da vida. 


Quando saí da casa da minha família, em Belém, e me mudei para São Paulo, foi bem difícil. Eu tinha acabado de fazer 23 anos, e tinha uma rede de amigos e familiares muito forte em Belém. Por outro lado, não conhecia quase ninguém em São Paulo, que me pareceu uma cidade muito dura. Eu achei os paulistas frios e individualistas porque ninguém me convidava para nada no começo. Porém, como passei 10 anos por lá, consegui me adaptar e fiz grandes amigas que mantenho até hoje em sampa, mew, mas não foi fácil. 


A vantagem é que aprendi a fazer muita coisa sozinha, a ser mais independente, e a não me sentir mal por isso. Aprendi também a ser mais proativa, a dizer para as pessoas que quero participar, que quero sair, que quero ser integrada e a convidá-las para o meu mundo também. Quando você se mostra mais aberta ao mundo, tudo flui com mais facilidade. Ah, e você também precisa ser uma pessoa legal, agradável, senão ninguém vai querer a sua companhia mesmo haha. 


Antes de me mudar para Paris, muitos me disseram que morar em outra cidade no Brasil é fácil, que morar fora do país é bem mais difícil. Ainda é cedo pra falar, mas, sinceramente, não estou achando. Claro que virão alguns perrengues pela frente, mas isso é normal. Perrengue tem em todo lugar, gente boa e gente nem tão boa assim também. Então, se assim como eu, você pretende morar na França, saiba que se ainda é muito ligado às suas raízes, vai sentir mais dificuldades para se adaptar. Porém, se você é uma pessoa independente, não vai ter muito problema. Além disso, com um bom queijo e uma tacinha de vinho tudo fica melhor, não é mesmo?


Bom, já me estendi demais, mas espero que você goste dessas informações! Se ficar alguma dúvida ou curiosidade, é só me perguntar, ok? Aproveita e segue o instagram @umavidaemparis para conferir mais dicas sobre a Cidade Luz. Volto em breve com mais novidades. Bisou! 


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